Ana olhava aquele sobrado, imaginando como seria por dentro, pois por fora já era diferente de tudo que ela havia visto. Era imponente, no meio da mata. Ela o observava de uma longa distância, mas não tardou o dia em que ela visitaria o casarão. Ana foi na companhia de sua mãe, não sabia o que a mãe ia fazer lá, mas estava apreensiva, curiosa. O casarão era muito grande, tinha várias janelas, todas fechadas e era cercado por currais. Nem de longe se parecia com a casa em que morava. Só tinha uma janela e duas portas, e as paredes não eram tão lisinhas e nem tinha esse lindo amarelo. Ana sabia algumas coisas sobre os donos. Eram ricos, tinham sítios, gado de leite, cavalos; eram donos de muitas terras, inclusive as em que Ana morava. A senhora da casa, ela nunca tinha visto, mas diziam que era boa pessoa, caridosa. Do marido diziam ser homem de poucas palavtras, altivo e que se irritava se visse alguem colher para si as frutas que caiam das arvores do sítio. Incapaz de um gesto de gentileza. Ana já o conhecia, pois de quando em vez passava por onde ela morava, era temido ou respeitado, ela não sabia. Tinha sempre um acompanhante, um enorme cão amarelo com pelos limpos e que pareciam macios. Todos tinham medo dele, e o povo falava que era o único ser que o homem amava de verdade. Diante daquela casa Ana e sua mãe chamaram, e alguém abriu um portão lateral. Era um vasto quintal limpinho, algumas galinhas, mas o que lhe chamou a atenção foi um enorme arbusto plantado no chão duro e coberto de flores pequenas e branquinhas, que exalavam um perfume maravilhoso. Esperaram sentadas em bancos de madeira até que a dona da casa viesse. Ela era idosa, gorda, e Ana reparou que tinha alguns pelos como se fossem bigodes, mas sorriu e cumprimentou sua mãe, e Ana pediu-lhe a benção;já que era costume do lugar os mais jovens os chamarem de tios. Levou-as para dentro, e enquento iam conversando Ana não perdia um só detalhe das salas e comodos e objetos, até deparar-se com algo que nunca tinha visto, embora Ana não tivesse visto muita coisa em sua vida. Uma pequena sala só para ele, um enorme relógio que ultrapassava um homem em altura, com algo que balançava e fazia um estalido ritimado e que brilhava como ouro. E o som que fez ao dar a hora era suave e melódico que encantou Ana. Foram levadas a cozinha, e as serviram um café forte que tinha um aroma delicioso, bolachas e pedaçoas de queijo que Ana adorava. Ela reparou nas enormes panelas cheias de leite preparadas para fazer os queijos, natas e coalhadas. Mas algo não saia da mente de Ana. Onde andava aquele animal? Com certeza com seu dono percorrendo as terras, e antes que ela terminasse o pensamento o dono da casa entrou na cozinha e junto com ele o enorme cão. Ana ficou quietinha e não desviava o olhar e parecia que ambos homem e cão se entendiam muito bem. O senhor cumprimentou a mãe de Ana e saiu em seguida deixando algumas ordens para os empregados. Ana guardou por um bom tempo aquelas imagens, aqueles cheiros, mas principalmente o sentimento que havia entre seu dono e animal. E quando o cão aparecia no vilarejo em que morava, todos sabiam que o patrão estava na àrea. Tempos depois uma notícia abalou os moradores, a de que o senhor havia matado seu animal de estimação. E a história que todos contavam era que o cão havia mordido uma criança enquanto este comia. Esta criança era o neto do patrão. Não houvera razão para tal sacrifício, mas vindo de homen tão duro, não era de se estranhar. No final tinha alguém que ele amava mais que ao seu cão.